O Coruja de Aluísio Azevedo
"E o Coruja, saindo da sala para respirar lá fora mais à vontade, pôs-se a caminhar à toa entre as sombras das árvores, sentindo-se arrebatado por um inefável desejo de ser eternamente grato a quem, possuindo todas as riquezas, escolhia para seu íntimo , para seu irmão - a ele, que nada possuía sobre a terra. Ser "bom"!Mas seria isso humildade ou seria ambição e orgulho? Quem poderá afirmar que aquele enfeitado da natureza não se queria vingar da própria mãe fazendo de si mesmo um monstro de bondade? Sim. Vingar-se, fugindo da esfera mesquinha dos homens, fugindo às paixões, às pequenas misérias mundanas e procurando refugiar-se no próprio coração, ainda receoso de que o céu, cúmplice da terra, lhe negasse também a graça de um abrigo. Ou quem sabe então se o ambicioso, vendo-se completamente deserdado de todos os dotes simpáticos a que tem direito a sua espécie, não queira supri-los por uma virtude única e extraordinária- a bondade?".
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